O disco de 1971 já mostra pela capa que é de uma cantora comum dos anos 70: com um cabelo bagunçado, roupas de hippie, que com certeza toca no violão músicas para os fãs de Bob Dylan e Janis Joplin. Aí você começa a ouvir e é isso mesmo. Um som folk bem bonitinho, com uma voz agradável. A faixa Some day i'll be a farmer é como uma pré-Mallu Magalhães, tanto na voz, quando no modo de cantar, e até na letra sobre querer uma vida tranquila e monótona. A única diferença é que Melanie ousa chegar a tons mais altos, dando até uns gritos, coisa que a Mallu não costuma fazer. Em Ring the living bell-shine a cantora segue um estilo um pouco diferente, com uma canção um pouco mais animada, onde sua voz foge da calmaria tradicional, deixando perceber que apesar de não utilizar sempre, ela tem uma capacidade vocal que poderia ser mais bem aproveitada. Porém, vale lembrar que a voz calminha, beirando a monguice, faz parte do folk, ela não poderia fazer diferente. Em geral Gather me não apresenta quase nada que já não tenha sido feita por outros tantos cantores de 60 e 70, mas para quem não procura novidade, e sim uma musiquinha agradável de se ouvir, é um bom disco.
Esse álbum tem muito do que já se espera quando se vê um disco de uma cantora negra dos anos 70, e justamente por isso é muito bom. Com elementos do funk, soul e jazz, uma das coisas que mais chama a atenção é a forte presença do baixo. A voz de Camille varia entre um canto forte e algumas narrações. Em algumas faixas a sonoridade chega a ser um tanto psicodélica; como em All hid, onde ao misturar as narrações com a linha de baixo, que segue o estilo soul dos anos 60, a música fica com um clima bastante tenso. As faixas que merecem destaque são Ain't it lonely feeling, uma música romântica com um pouco da melancolia do blues; e Take yo' praise, a melhor e mais conhecida do disco. Nela o baixo também tem muito destaque, a voz de Camille é bem explorada, e em geral a música já mostra influência do jazz e funk.
Tive curiosidade de ouvir esse álbum porque soube que era o primeiro disco de RAP brasileiro. Depois descobri (por aqui)que, na verdade não se sabe exatamente onde foi o início desse estilo musical no Brasil. Mas sendo ou não o primeiro, Break é de grande importância para o RAP nacional. Neste discoé possível ouvir a sonoridade dos anos 80 e conhecer um pouco mais sobre o início do gênero no Brasil.Ao contrário do que é comum hoje em dia, as letras não falavam sobre crimes, racismo, violência, e tudo aquilo que ouvimos hoje. Na maioria das vezes eram letras românticas, cantadas em uma batida animada. Também ao contrário do que se pode ouvir hoje, estas letras românticas não eram como as de artistas como Emicida e Projota. Eram menos trabalhadas, mais simples, e pode-se dizer até que eram mais infantis. Mas provavelmente a ideia do disco era essa, afinal, os integrantes do grupo eram todos muito jovens. Não seria tão convincente ver um adolescente cantando letras complexas sobre amor. O destaque fica para Mas que linda estás, o grande clássico do Black Junior's