sábado, 2 de maio de 2015

Tor Tauil – Maus hábitos e promessas quebradas (2006)

Durante minha adolescência, uma das bandas que eu achava mais interessantes/engraçadas/originais do Brasil era o Zumbis do Espaço… na verdade acho isso até hoje. Pra quem não conhece, a banda de horror punk mescla Punk Rock, Heavy Metal e até uma sonoridade country em alguns momentos em suas músicas. O primeiro álbum foi lançado em 1997 e desde então os Zumbis conseguiram ganhar um grande número de fãs.
O vocalista, Tor, com a intenção de poder tocar outro estilo musical que também o influenciou muito, o country, gravou dois discos do gênero apenas com regravações de artistas que admira  : “Outlaw Country” e “Forgotten Blues”. E em 2006 lançou seu primeiro disco solo com músicas próprias, “Maus hábitos e promessas quebradas”, onde pode-se ouvir um som com muitas influências do country americano e da música caipira brasileira. As letras são completamente diferentes do que sua banda de horror punk aborda.
O disco começa com “Essa noite eu vou deixar a garrafa me derrubar”, que como diz o nome, fala sobre uma desilusão amorosa que resultou em uma noite no bar se embriagando para esquecer a tristeza. O som tem um início que de cara faz pensar que a música é “brega” (o que também não é nada ruim), mas ela é uma das melhores do disco. Logo no refrão já pode-se perceber que as letras de Tor são feitas para quem está acostumado a conviver com problemas. “Então garçom, aumente o som e me traga um bourbon. Se o melhor que eu faço é errar, então chegou a hora de aproveitar”, resume de certa forma a ideia da maioria dos temas deste álbum: já que as coisas não dão certo, que sejam feitas do jeito errado.
Em seguida vem “Dois estranhos”, que também fala de alguém que ao sofrer uma decepção está em novamente em “um mesmo velho bar”, com uma estranha, que também passou pela mesma situação, e juntos tentam esquecer os problemas.  Um dos destaques dessa faixa é o solo, que apesar de simples, consegue passar o recado da música. Em seguida vem Noite passada, a melhor do disco, também com uma letra bastante melancôlica que fala sobre um cara sozinho, sem mulher e sem amigos que só encontra saída na bebida.
Também merece destaque a faixa Coroa de espinhos, que mesmo que pareça estranho para quem está acostumado com as letras dos Zumbis do Espaço, tem uma letra religiosa. Claro que o vocalista da banda de horror punk não sairia simplesmente cantando versos e frases feitas com “Glória”, “Aleluia” e o mesmo papo de sempre das músicas sobre Deus. Tor fala sobre uma vida cheia de pecados da qual ele já está cansado, e por isso está disposto a vestir sua própria “coroa de espinhos” para se libertar dessa vida.
A faixa "Guardada para sempre" é uma regravação da música que está no álbum Abominável Mundo Monstro, de 2004, do Zumbis do Espaço, mas em Maus hábitos e promessas quebradas ela tem uma versão country, de acordo com o restante do disco. A música ficou bastante diferente, até os fãs da banda de horror punk de Tor devem ouvir para aprovarem ou não.
A penúltima música do disco, Garota perdida, é também uma das melhores do álbum. Nesta faixa, assim como em Deixando São Paulo e Noite Passada, Tor canta com uma voz menos grave do que o comum, mas o que chama mesmo a atenção é a letra, que fala sobre um tipo clássico de garota cheia de problemas.
Em geral, Maus hábitos e promessas quebradas pode ser considerado um ótimo disco para os fãs desse gênero musical, pelo fato de ter boas letras, uma sonoridade que não é tão comum em músicas cantadas em português, e também por dar a oportunidade de ouvir Tor Tauil cantando algo diferente, mostrando que sua capacidade como artista não se limita ao punk rock.




domingo, 22 de março de 2015

Voodoo Jive: The best of Screamin' Jay Hawkins

Como diz o nome, o disco tem as melhores músicas do precursor do Shock Rock, que com suas performances teatrais e macabras no palco, influenciou artistas como Alice Cooper, Kiss, e todas essas bandas que fazem do show um espetáculo teatral com o intuito de chocar. No palco, Hawkins usava acessórios de voodoo, saia de dentro de um caixão e cantava como um maluco.
Esse disco começa com seu maior sucesso, I put a spell on you, de 1956, que já define o estilo todo do disco. Gritos da voz potente de Hawkins e um som baseado no blues que por vezes é macabro e outras vezes parece que foi feito por alguém com sérios problemas mentais. A segunda faixa, Little demon, também merece ser citada. A música, que de longe se percebe que foi feita por volta das décadas de 1950 e 1960, é bastante animada e tem um refrão que seria algo como "hmbapmabmmba hmbababapmba" e outros gemidos indecifráveis. 
Entre as variações de som durante o disco, há músicas românticas, como Person to person, onde chama a atenção a força da voz de Screamin Jay Hawkins; e You made me love you, que apesar de ser uma musiquinha muito bonita, o vocalista também dá seus gritos estranhos. Em se tratando do fato de que o músico tinha a intenção de chocar, a faixa I hear voices é, nesse disco, a que mais consegue atingir o objetivo.  Orange colored sky que ficou conhecida pela versão de Nat King Cole, e recentemente foi gravada por Lady Gaga, também está no disco, mas claro, com o estilo esquisito do Screamin Jay Hawkins. Em geral, o disco é um ótimo resumo da obra desse artista.






quinta-feira, 19 de março de 2015

Velotroz - A banda do futuro apresenta espelho de sharmene (2012)

De início percebe-se que trata-se de mais uma banda de rock moderninho, mas logo após a introdução o som fica mais surpreendente. A letra da primeira faixa, Moda de samba, somada ao rock com elementos da MPB e samba, traz um resultado interessante. Em Louva Deusa voz de Giovani Cidreira, com seu sotaque soteropolitano (que por vezes faz o som parecer um Lirinha um pouco mais modernizado) se encaixa perfeitamente com o instrumental, que tem a bateria seguindo uma linha de samba e as guitarras e teclado dando uma sonoridade de rock setentista.
A capa do disco (uma mulher nua sentada, coberta apenas por um pano, deixando apenas um seio à mostra) resume bem o Velotroz, dando um ar "vintage", mas ao mesmo tempo "quero ser moderno". Não costumo me interessar por bandas e artistas que fazem questão de ter "letras inteligentes" o tempo inteiro, me soa um tanto forçado, mas o som faz o EP valer a pena. É interessante a forma como os músicos conseguem deixar a modernice do rock alternativo atual (que costuma ser chato e previsível) mais interessante ao misturá-la com a influência setentista.



Os Cascavelletes (1988) – Os Cascavelletes

A banda foi formada em 1987 em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Mostra influencias do rock a billy dos anos 50, e de bandas dos anos 60 como Beatles e Rolling Stones. A maioria das letras falam sobre drogas e sexo, devido a isso ficaram conhecidos por criar um novo estilo musical chamado de pornobilly.
Ainda em 87, os cascavelletes gravaram sua primeira demo, pela gravadora undergroundVortex (gravadora da banda Os Replicantes) e só no ano seguinte lançaram o primeiro EP oficial com o nome de Os cascavelletes, que foi o álbum mais vendido em 1988 no Rio Grande do Sul.
Neste disco a banda era formada por Alexandre Barea (bateria), Frank Jorge (baixo), Nei Van Soria (guitarra) e Flávio Basso, mais conhecido como Júpiter Maçã, nos vocais.
A primeira faixa é Carro Roubado que segue a linha do rock’n'roll dos anos 60, e na letra mostra que a banda tem rebeldia a oferecer. Logo nas próximas faixas, Morte por tesão eMenstruada, já é notório o motivo que fez com que os cascavelletes ficassem conhecidos como uma banda de pornobilly, a primeira fala sobre a vontade do homem de dar prazer a mulher a ponto de faze-la morrer de tanta satisfação, e a segunda sobre um cara que quer “agarrar” a mulher mesmo ela estando menstruada.
A musica Ugagogobabagô tem uma letra pouco compreensível, assim como o título da musica, mas é a mais animada do álbum, com alguns momentos que lembra até o punk rock dos Ramones.
No final do disco entram as faixas mais comerciais, Estou amando uma mulher é uma canção romântica, e a ultima faixa, Jéssica Rose (que neste EP está em uma versão ao vivo, mas depois foi gravada em versão de estúdio em outro álbum) é a canção mais pop do álbum, a letra é como uma declaração de amor um tanto diferente, com frases do tipo “Jéssica Rose, eu queria te amarrar, numa cadeira de cimento e depois te lançar no mar”.






Detonautas Roque Clube – Psicodeliamorsexo&Distorção

Este é o terceiro álbum do Detonautas, e ao contrário dos trabalhos anteriores, que apresentavam uma sonoridade mais pop, este tem músicas mais pesadas e em alguns momentos mostra influencias de rock alternativo.Neste álbum a banda contava com Tico Santa Cruz (vocal), DJ Cléston (Percussão), Renato Rocha (guitarra), Rodrigo Netto (guitarra), Tchello (baixo) e Fábio Brasil (bateria). Este disco foi o último que teve a participação do guitarrista Rodrigo Netto, que foi assassinado em 2006 durante um assalto.Na primeira faixa, No escuro o sangue escorre, já pode-se notar que o som da banda está um tanto diferente, pois é bem menos pop do que o Detonautas fazia anteriormente. Em seguida vem Não reclame mais, que segue a linha da primeira com um instrumental bastante pesado. Merecem destaque também Assim que tem que ser, que tem um ótimo refrão, e Apague a luz, que tem riffs muito rápidos e a bateria deixa a música bastante empolgante. Chama a atenção também o vocal de Tico, que nesta faixa está mais agressivo.Apenas em algumas músicas como Dia comum, Tudo que eu falei dormindo Um pouco só do seu veneno, o apelo pop se mostra presente, mas apesar disso são faixas interessantes.O ponto fraco do disco são as músicas Sonhos verdes e Insone que são um pouco cansativas. No final do disco ainda há uma faixa escondida; The wrong life in the right way, que é cantada em espanhol, com o refrão em inglês, e mostra influencias de uma sonoridade mais moderna, mas é uma ótima faixa e encerra muito bem o álbum.




Fiuk - Sou eu (2011)

Óbvio que esse não é o meu tipo favorito de música. Ouvi o disco só porque gostei da música de trabalho, Quero toda noite, que tem participação do Jorge Ben Jor e sonoramente parece mais uma música do Ben Jor com participação do Fiuk. Mas quando ouvi o álbum todo, acabou que não achei ruim não.
Em geral as letras são fracas e o Fiuk não é um grande vocalista. Quanto à sonoridade, é um disco "a procura da batida perfeita". Ele passa por diferentes estilos tentando acertar, algumas vezes acerta.
O disco começa com Cada um na sua,  que assim como Nada vai me pararé uma música que se fosse cantada por um cabeludo ou algum roqueiro moderninho e tivesse guitarras um pouquinho mais distorcidas, seria considerada "rock" por todo mundo, mas como é cantada pelo Fiuk, provavelmente os modernões hipócritas vão falar que é "emo pop de viado". 
A faixa título é uma canção romântica completamente comercial, mas isso não quer dizer que é ruim. Ao contrário de Sempre mais, que segue a mesma linha, mas tenta ter uma sonoridade forte, coisa que a voz de Fiuk não consegue acompanhar. Mais calma ainda são as faixas Foi preciso você Quando lembrar, que apesar de ter uma cara de trilha sonora da Malhação é agradável de se ouvir. Nela a voz do cantor se encaixa melhor.
O destaque fica para As vezes sou tão criança, que de início parece ser uma música do Lulu Santos. Do disco todo é a faixa com a melhor letra (o que não é tão difícil, já que as outras são muito fracas). E o disco se encerra com uma boa versão de Blowin in the wind, de Bob Dylan. Apesar de algumas coisas, é um bom disco, possível de se ouvir mais de uma vez.






Foo Fighters - Wasting Light (2011)

Nunca fui muito fã do Foo Fighters, mas sei lá por que resolvi ouvir esse disco. O começo do álbum foi bastante desanimador, achei seria inteiramente ruim. A primeira faixa, Bridge Burning, começa bastante pesada, mas logo perde a força. E as músicas seguintes também são pouco empolgantes.
A quarta faixa, White Limo, que fez com que a banda concorresse ao Grammy de Melhor Performance Hard Rock/Metal, foge completamente do estilo que a banda mostra nas músicas anteriores. Pode agradar os fãs de New Metal e até de Metalcore. Também merece destaque These Days, que apesar de ter um instrumental um tanto meloso, tem um refrão contagiante.
Back and Forth, que também é o nome do documentário com filmagens das gravações do disco, é uma das músicas mais animadas de Wasting Light. E o grande destaque fica para Walk, que fez com que o Foo Fighters ao Grammy de Melhor Performance Rock e Melhor Música Rock. Esta faixa tem um instrumental simples, mas bastante interessante. Combinado com o vocal de Dave Grohl, que principalmente nas partes mais pesadas, mostra ser de ótima qualidade, a faixa encerra com chave de ouro um disco nem tão bom assim.